quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Got to go!

http://www.zarpa.eu/2010/10/23/casa-museu-medeiros-e-almeida/arte/dinky-toys-celebram-76-anos/

impulsos...

afinal é assim?

brilhante!

"Era uma vez antigamente, mas muito antigamente, nas profundas do passado, quando os bichos falavam, os cachorros eram amarrados com linguiça, alfaiates casavam com princesas e as crianças chegavam no bico das cegonhas. Hoje meninos e meninas já nascem sabendo tudo, aprendem no ventre materno, onde se fazem psicanalisar para escolher cada qual o complexo preferido, a angústia, a solidão a violência. Aconteceu naquele então uma história de amor."
In O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá, Jorge Amado

será assim que publico música?

http://www.youtube.com/watch?v=_9UauaXTXUI

terça-feira, 26 de outubro de 2010

pérolas

A Pérola, de John Steinbeck… assim permaneceu no limbo de uma história simples. Manhãs sombrias de Outono, folhas encarnadas a sobrevoar o solo. Neste começo de inverno, cheiramos chocolate em cada esquina.
Atormentados pelo cinzento crepuscular, vivemos palpitações de um estádio oscilante, umas vezes amorfo, outras palpitante.
E sinto-me tão viva!
No percurso, a vida feita de pequenos detalhes, de mentes controversas, de pormenores intensos. Momentos apaixonantes e apaixonados que nos levam à distância. Todos temos um lado oculto? Sempre pouco térreo? Buscamos ideais, procuras insaciáveis do original, genuíno… ideal? Diria que na maioria das vezes encontramos continentes, conteúdos, essências apresentadas sob formas simples e simbólicas... Quase permeáveis ao sensorial.
Libertações de elfo… quase me arrisco, às vezes provocamos a levitação para não marcar o chão que pisamos. E se noutras queremos deixar pegada, hoje acordo a pisar leve…
Modificamos estados. A gastronomia molecular para nos trazer as texturas perfeitas dos sabores que conhecemos? É ciência, nem sempre bem conseguida. Falta integração, integridade, a nano relação com o sistema nervoso central!
Num percurso de missão, procuramos encontrar razão, sentido… rumo? Não se procura, encontra-se? Errado. Encontramos porque procuramos. Saímos diariamente despertos, na esperança de um dia diferente. Na esperança de ganho, de escaladas ou quedas livres, de tormentos ou raios de sol, de uma lua nova ou cheia, ou meio vazia, ou meio cheia. Entre pérolas criamos sonhos….

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Terra a terra...

Não podem cobrar a distância, o tempo sem escrever... Isto é um novo formato de partilha, de escrita... E nesse registo, às vezes permitam-me a instrospecção ou a falta de inspiração.
Não sei como dizer-te que minha voz te procurae a atenção começa a florir, quando sucede a noite
esplêndida e vasta.
Não sei o que dizer, quando longamente teus pulsos
se enchem de um brilho precioso
e estremeces como um pensamento chegado. Quando,
iniciado o campo, o centeio imaturo ondula tocado
pelo pressentir de um tempo distante,
e na terra crescida os homens entoam a vindima
— eu não sei como dizer-te que cem ideias,
dentro de mim, te procuram.
 
Quando as folhas da melancolia arrefecem com astros
ao lado do espaço
e o coração é uma semente inventada
em seu escuro fundo e em seu turbilhão de um dia,
tu arrebatas os caminhos da minha solidão
como se toda a casa ardesse pousada na noite.
— E então não sei o que dizer
junto à taça de pedra do teu tão jovem silêncio.
Quando as crianças acordam nas luas espantadas
que às vezes se despenham no meio do tempo
— não sei como dizer-te que a pureza,
dentro de mim, te procura.
 
Durante a primavera inteira aprendo
os trevos, a água sobrenatural, o leve e abstracto
correr do espaço —
e penso que vou dizer algo cheio de razão,
mas quando a sombra cai da curva sôfrega
dos meus lábios, sinto que me faltam
um girassol, uma pedra, uma ave — qualquer
coisa extraordinária.
Porque não sei como dizer-te sem milagres
que dentro de mim é o sol, o fruto,
a criança, a água, o deus, o leite, a mãe,
o amor,
que te procuram.


(excerto do poema «Tríptico», publicado em A Colher na Boca, 1961)                    
        Herberto Helder

Assim...

Assim o amor
Espantado meu olhar com teus cabelos
Espantado meu olhar com teus cavalos
E grandes praias fluidas avenidas
Tardes que oscilam demoradas
E um confuso rumor de obscuras vidas
E o tempo sentado no limiar dos campos
Com seu fuso sua faca e seus novelos
Em vão busquei eterna luz precisa
Sophia de Mello Breyner

Balanço

Momentos conturbados, de pressa. Frenesi que nos assalta. Plenos de graça, deixam saudade. Sorriso, aflito…
Vivemos de energias. Vivemos acelerados, sempre no limbo das leis da física… mecânica, quântica, termodinâmica, electromagnética, etc… Queremos mais e portanto, recorremos a Lavoisier… ansiamos uma visão com a queda de uma maçã, tal como Newton.. Resumimo-nos ao átomo para perceber a matéria e damos voltas à ciência para, de alguma forma, encontrar objectividade. No abstracto experimentamos a matemática. Por vezes subscrevemos a tragédia grega, sonhamos acordados. No sentido de missão, também queremos abrir poros, oportunidade de estrutura, matriz. Criamos necessidades, tentamos soluções. Deixamos peixes saltar de aquários! Apreciamos quem, sob imagens deixa registos. Deixamo-nos levar por um qualquer Dali ou histórias contadas em prosa. Aromas, desejos. Qualquer movimento, sensação (quente). Reportamos ao sensorial, por que somos humanos. E por insatisfação, transportamo-nos longe da bio esfera para construir. Valor!
E, por vezes, devemos equilibrar os sentimentos, com períodos (mais) calmos.
Nesta busca, encontramos espaços vazios… Lugares tão preenchidos que, podem quase ser vazios. Alguma leveza de ser. Formigas na barriga, teias de aranha a coçar o nosso nariz. Ficamos perdidos, sem rumo, que encontramos na difícil escolha de viver. Então, entendemos na falta a importância do essencial, invisível aos olhos. E é na ansiedade de conquista eterna, da incerteza, do pequeno conhecimento da margem de erro que encontramos chaves.
Busca incansável de prazer!

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

doce deitar...

http://www.youtube.com/watch?v=qgUL3ut4gyQ&feature=related

"No mundo de Goethe, o matraquear dos teares ainda constituía factor de perturbação..." in Musil, O Homem sem Qualidades

sábado, 4 de setembro de 2010

Algumas histórias de encantar por módulos

"
ERA uma vez um pintor que tinha um aquário com um peixe vermelho. Vivia o peixe tranquilamente acompanhado pela sua cor vermelha até que principiou a tornar‑se negro a partir de dentro, um nó preto atrás da cor encarnada. O nó desenvolvia‑se alastrando e tomando conta de todo o peixe. Por fora do aquário o pintor assistia surpreendido ao aparecimento do novo peixe.

O problema do artista era que, obrigado a interromper o quadro onde estava a chegar o vermelho do peixe, não sabia que fazer da cor preta que ele agora lhe ensinava. Os elementos do problema constituíam‑se na observação dos factos e punham‑se por esta ordem: peixe, vermelho, pintor – sendo o vermelho o nexo entre o peixe e o quadro através do pintor. O preto formava a insídia do real e abria um abismo na primitiva fidelidade do pintor.
Ao meditar sobre as razões da mudança exactamente quando assentava na sua fidelidade, o pintor supôs que o peixe, efectuando um número de mágica, mostrava que existia apenas uma lei abrangendo tanto o mundo das coisas como o da imaginação. Era a lei da metamorfose.
Compreendida esta espécie de fidelidade, o artista pintou um peixe amarelo.
"
in Os Passos em Volta, Hérberto Hélder

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Crónica de uma bailarina dentro de uma caixa de música

Esboço de monografia sobre pessoas tristes. Prólogo [?] (do grego πρόλογος - prólogos, pelo latim prologos, o que se diz antes)

Entendo-os como símbolos, que me seguem, que me abrem caminho…
Faz parte do que sou, do que faço, do que sinto. Caixas cheias ou vazias como parte integrante. Afinal… partilho palavras em caixa, por que, no limite, colocaria tudo em caixas! E sim, compartimentos, gavetas, secções não são caixas! Caixas etiquetadas pela dimensão tempo. Caixas à luz da Matrioska… que quase podia ser um conjunto de caixas em forma de bonecas que se encaixam. Pena perdermos sempre a mais pequena: boneca.
Música, melodia. Do ABC do Amor, Woody Allen à 5ª sinfonia,Bethoveen. Memórias de K7s de Carmen, Bizet atiradas da janela do carro nos Picos da Europa. E caixas de música na imaginação de uma criança. Borboletas na barriga quando as encontro… E voltamos à borboleta, que não é mais que uma bailarina que voa (mais). E voa!
Quase ouso dizer que consigo guardar numa caixa de música âmago. E afinal, que metáfora esta da bailarina dentro de uma caixa de música? Quase sempre em redoma, também a bailarina dança quando se abre a caixa e alguém dá corda. À bailarina, ou à caixa? Permanece selada como tesouro. Porque a bailarina é frágil, precisa ser guardada, na caixa. A bailarina mostra-se em pequenos momentos ao mundo, quase sem decidir quando. E vive pouco, à luz de corda, quando alguém faz saltar a tampa. A bailarina dentro da caixa não escolheu e enaltece os seus talentos a cada minuto de esperança, de oportunidade. Guarda jóias alheias ou é mais uma jóia dentro da caixa?
Há, porém, bailarinas que escolheram sê-lo. Que escolhem mostrar-se, brilhar ao mundo mesmo sem que saltem tampas. Sem caixa, ou com caixa própria. O que trazem com elas essas bailarinas livres? Tão próximas de borboletas soltas, as bailarinas livres procuram sê-lo ainda mais. Saíram do casulo, que não é mais que uma caixa, e trazem às costas a cor e a luz de uma combinação de balanços. De pequenos segredos resultado do casulo, da introspecção do bicho-da-seda, em caixa. E escondem-se como camaleão, confundem-se com a natureza quando não se querem fazer sentir. Eu, eu escolheria a branca!
E é nessa ténue distância entre bailarinas soltas e outras presas, que mesmo que ambas residam e regressem a caixas, conseguimos percepcionar distância entre tristeza e incerteza.

Espaço

Há quem não precise de espaço. Há quem sinta falta dele. O espaço é muito para além de área. E ainda bem!
Hoje saí do espaço neutro, daquele mundo meu. No fundo, fazemo-lo no quotidiano. Não vivemos isolados, a cada passo neste caminho vamos abrindo espaço, alargando horizonte. Deixando que pequenas coisas nos transportem para outros mundos, outros espaços. Alargamos também o nosso para que essas pequenas coisas entrem, caibam, façam parte. E na cumplicidade que vamos construindo por puro empirismo, também temos necessidade de método, de teoria, algumas regras. Importantes moldes, que nos permitem isolar espaço, ganhar espaço, limitar terreno, plantar árvores de fruto e fazer colheitas. E, por vezes, abrimos todo o nosso espaço para que a zona de conforto alheia possa eventualmente encontrar um lugar neste espaço, nosso. Foi assim!
Num dia de encontros sobre livros e escrita, que incluiu bloggers que quase vivem esta arte de partilhar o que quer através deste canal, que chamam blog, explicaram-me uma forma engraçada de justificar esta busca algo narcísica de “ter” um. Um blog!
Há efectivamente momentos, tempos, formas, figuras que precisamos deixar registadas… É catarse! Partilhadas as vicissitudes da vida parecem mais facilitadas. Sentimos necessidade de dividir, de separar o todo para percepcionar cada parte. Precisamos construir diagramas para juntar os blocos.
Às vezes precisamos verbalizar tanto do que procuramos, do que encontramos, que assumimos a potência do que é sensorial para caminharmos mais firmes. Como na fotografia, criamos a imagem do momento registado. Queremos a imortalidade deixada em forma palpável… E a escrita, podendo ser ciência abstracta, pode ser forma física de essência e existência.
- Para quê um layout? Afinal o blog deve servir o objectivo que te propuseste. Se queres partilhar parte do que escreves, então apenas precisas de espaço. Ponto! (by Um Tipo Totalmente Desconhecido)
Gostei! Custa, mas vai ser isso mesmo.
Sou uma romântica… Portanto, mesmo concordando, gosto sempre de uma folha de papel em branco! A força das palavras somos nós que medimos, como braço de ferro na maioria das vezes. São as emoções mais fortes que nos exacerbam a criatividade. E diria, que esta guerra de titãs pela exaltação do ser em relatos escritos pode ser tendência…

domingo, 29 de agosto de 2010

palavras (quase) soltas

No recanto de uma janela, consigo imaginar uma cortina. A marca de água de um sonho a espreitar. Revelo a vontade, o impulso de viver, mas deixo-me retomar ao casulo como bicho de seda. Como a borboleta, que emanada de cor, de energia, de beleza, tão pura! Vai e volta, quase que toca. E reverte-se à vida simples de uma caixa de cartão e folhas verdes.
É assim que me perco. É assim que anseio pela estabilidade de zeus e deixo-me reger por vénus e pelas tentações da vida saudável, genuína.
Quero tanto, que acabo por não querer nada. Deixo-me levar na viagem isotérica de um quase tele-transporte que me permite tocar as estrelas. Cócegas na barriga pela ânsia de viver, de crescer. Ser melhor. E na construção de uma vida terrena e na resolução de uma essência de missão, acabo por enredar em areias movediças que me sufocam num qualquer pântano. E assim vivo. À imagem de uma alvorada aristotélica que escrevemos em tábua rasa, em busca de novas experiências, sensações fortes. Na intensidade da luz procuro um caminho, um sinal. E sigo... protegendo-me.
Na tentativa quase empírica de escolhas diferentes, quem sabe nas erradas encontramos certezas. Terrível esta intuição que me consome, que me dá uma leve sensação de continuidade das sinapses nervosas ao longo de todo o corpo...

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

"chegaste estrangeiro da terra a esse lugar...", Sofocles

E assim retomo a escrita... Regresso ao brilho de um por do sol para abrir um blog. Se público? Acho que não? Se hoje será um dos infímos dias em que escrevo plena, sem a incerteza de um sonho de uma noite de verão. Escrevo para partilhar, para enaltecer Calíope e uma tentativa artística que no 10º ano me fez participar em concursos de prosa escrita. Hoje, diria que vou e venho com a esperança de espalhar alguma poesia!