domingo, 29 de agosto de 2010

palavras (quase) soltas

No recanto de uma janela, consigo imaginar uma cortina. A marca de água de um sonho a espreitar. Revelo a vontade, o impulso de viver, mas deixo-me retomar ao casulo como bicho de seda. Como a borboleta, que emanada de cor, de energia, de beleza, tão pura! Vai e volta, quase que toca. E reverte-se à vida simples de uma caixa de cartão e folhas verdes.
É assim que me perco. É assim que anseio pela estabilidade de zeus e deixo-me reger por vénus e pelas tentações da vida saudável, genuína.
Quero tanto, que acabo por não querer nada. Deixo-me levar na viagem isotérica de um quase tele-transporte que me permite tocar as estrelas. Cócegas na barriga pela ânsia de viver, de crescer. Ser melhor. E na construção de uma vida terrena e na resolução de uma essência de missão, acabo por enredar em areias movediças que me sufocam num qualquer pântano. E assim vivo. À imagem de uma alvorada aristotélica que escrevemos em tábua rasa, em busca de novas experiências, sensações fortes. Na intensidade da luz procuro um caminho, um sinal. E sigo... protegendo-me.
Na tentativa quase empírica de escolhas diferentes, quem sabe nas erradas encontramos certezas. Terrível esta intuição que me consome, que me dá uma leve sensação de continuidade das sinapses nervosas ao longo de todo o corpo...

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